Esse amor
Quantas vezes te digo
e bendigo:
Corta-me os punhos
que me lavo desse sangue
esse amor de gravatá
em escarlate triturante
Ama-me até às 13:00
quando o sol se revela a pique
pisoteando os meus nervos
em folhas de verão
nos meus cabelos esvoaçantes
e quando os corcéis me trotarem
além de tu, oh, meu amor, crucificai-me
entre beijos de alfazemas
nesse jardim de libélulas plenas
amainando o meu fervor
numa história de amor
acalmando-me entre os braços
de um Orfeu bem ofegante
cheirando à morte
ressuscitando a minha dor.