Poseidon

Caríssimo,

o silêncio das tuas ondas me ensurdece

como se castiçais se despedaçassem aos ventos

e os estilhaços me entrecortasse...

me despedaçasse...

e quando tuas espumas me pintam

de um gozo abundante

eu gelo.

Quando teus cavalos me adentram

e o estalar dos cascos me machucam

eu me reviro ao relento

nesse frio tão quente...

E quando tu estapeias-me

diante desse estranho desejo

eu grito.

blasfemo no teu oceano onipotente

meus seios enrijecem

minhas coxas se contraem

assim como o meu ventre

que se incha quando tu se infiltras

até o transbordar eterno

e o gotejar permanente

caríssimo Poseidon.

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 02/07/2014
Código do texto: T4867036
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