Poseidon
Caríssimo,
o silêncio das tuas ondas me ensurdece
como se castiçais se despedaçassem aos ventos
e os estilhaços me entrecortasse...
me despedaçasse...
e quando tuas espumas me pintam
de um gozo abundante
eu gelo.
Quando teus cavalos me adentram
e o estalar dos cascos me machucam
eu me reviro ao relento
nesse frio tão quente...
E quando tu estapeias-me
diante desse estranho desejo
eu grito.
blasfemo no teu oceano onipotente
meus seios enrijecem
minhas coxas se contraem
assim como o meu ventre
que se incha quando tu se infiltras
até o transbordar eterno
e o gotejar permanente
caríssimo Poseidon.