Saudade rubra

Minha alma estava encharcada de amores,

e quantas vezes ouvia os suspiros loucos de uma paixão sôfrega.

Os fios de meus cabelos emaranhavam-se ao toque de tua suave mão.

E eu era tua e você era meu.

Juntos,

dois corpos em êxtase.

A dança tocava-nos, unia-nos.

Cálice e espada...

A rubra rosa tocava-lhe os lábios ressequidos do desejo que inflamava-nos.

Passo e saltos...

Ao ritmo que tocava-nos em constante encontro de peles,

pendia ao toque suave de nossas bocas, em beijos:

Em amor nunca d'antes questionado.

Eu e você.

Dois em um só.

A dança parou.

o salão em silêncio testemunha o adeus.

A sombra da saudade estampa as saias de minhas vestes tristes.

O laço em fita já não dá brilho aos cabelos que outrora bailavam, d'ouros.

Agora eu...

Sinto em minha pele a marca de tua ausência.

Ausência dolorosa em lembranças rubras,

sapatos largados em chão gris.

lágimas em cascata lavam-me a saudosa lembrança.

a pele cálida alimenta-se do próprio fogo

e desse próprio fogo se consome...

Restando-me apenas o sabor amargo de teu beijo

que em outrora adoçava a minha boca.

Lais L S
Enviado por Lais L S em 24/06/2014
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