Balada dos Crimes

Todos os crimes que não cometemos

Estão acometidos de cometer.

Como a mão que afaga a amante,

A flor desmantelada nas mãos.

O vinho derrubado na mesa.

O beijo roubado da boca sequiosa.

O sangue que escorre como

Orvalhos rubros submergidos.

Os arroubos de um coração perdido.

O tempo extingue todo esse crime,

Extingue toda essa culpa.

Penitência que me interrompe,

Sussurros. Gritos de pecados.

O rancor insólito nos cárceres,

A mão que afana os afãs alheios.

O silêncio escondido nas frestas

Desta balada de crimes.

Alves Rosa

Alves Rosa
Enviado por Alves Rosa em 27/05/2014
Reeditado em 27/05/2014
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