Sensualidade ultrajante

Pérfida!

Como podes ser assim

tão digna de pena?

Como podes somente, somente...

sonhar sonhos voluptuosos?

Ah! lábios rubros

como os lábios da mulher

de Alencar ou Castro Alves!

Tu és a intensa fragrância

Do bálsamo

deixado, caído e despedaçado

sobre a relva verdejante.

Ardilosa!

Como podes ser assim tão provocante?

Como podes ter no corpo

uma seda tão extravagante?

Queres me acordar

Desse sonho bendito de te amar?

Ordinária!

Como podes deitar-te comigo,

saciar e me expulsar de teu calor

e hálito serafim!

Dissimulada!

Como podes ser assim

tão desleal e encantadora?

Ah! Se eu pudesse te prender,

daria a ti a mais bela

coleira de brilhantes

das matilhas delirantes!

Marco Antônio Pinto
Enviado por Marco Antônio Pinto em 20/05/2014
Código do texto: T4813885
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