Sensualidade ultrajante
Pérfida!
Como podes ser assim
tão digna de pena?
Como podes somente, somente...
sonhar sonhos voluptuosos?
Ah! lábios rubros
como os lábios da mulher
de Alencar ou Castro Alves!
Tu és a intensa fragrância
Do bálsamo
deixado, caído e despedaçado
sobre a relva verdejante.
Ardilosa!
Como podes ser assim tão provocante?
Como podes ter no corpo
uma seda tão extravagante?
Queres me acordar
Desse sonho bendito de te amar?
Ordinária!
Como podes deitar-te comigo,
saciar e me expulsar de teu calor
e hálito serafim!
Dissimulada!
Como podes ser assim
tão desleal e encantadora?
Ah! Se eu pudesse te prender,
daria a ti a mais bela
coleira de brilhantes
das matilhas delirantes!