Mudei-me
Mudei-me para o teu corpo.
Durmo mesmo entre os teus olhos,
e na tua boca humida.
Passo tardes deitada nas tuas ancas
moldadas pelo aroma da tua cor.
Do umbigo bebo mel e o mentol que exalas
uso como perfume.
Nas tuas pernas canto e acho outras formas
de sentir o vento.
Subo os degraus das tuas costas musicais,
desvendo céus ocultados pelo nevoeiro
que te sai da pele.
Bebo chá na curva que desce dos ombros,
mergulho no infinito dos teus braços caídos.
Distraio-me com a destreza dos teus cabelos.
Embruto-me com a necessidade de te ver brilhar.
Ocupo uma porcao distinta
da tua matéria dançarina e distraida.
Engoli já tantas das tuas marés.
Nunca tive recheio que chegasse
para te contar.
Agora na gruta do teu peito
limpo o pó do teu carmesim.
Confesso.
Moro em ti
desde que te senti respirar.