Desejos de Outono
Um texto pode começar do nada, mas um bom texto não. Ele pede mais... Pede boas frases, pede mistérios, vivências, inspiração. Por estes dias, tenho sentido vontade de escrever sobre os muitos desejos que tenho sentido. Não que escrever vá saciá-los, isso não faria sentido, mas é o que preciso.
A minha imaginação tem trabalhado bastante. É raro encontrar alguém interessante e é interessante encontrar alguém raro, e quando isso acontece, fico aqui interessado, perdido entre possibilidades e desejos insaciáveis. Insaciáveis não porque meus desejos não possuem um limite, mas porque há um limite nas possibilidades.
Mas curiosa é a mente, que é livre para tudo imaginar, e imagina a porta aberta, a meia luz invadindo o quarto meio escuro, a troca de palavras rasas e superficiais, o riso de ambos. Então trocamos olhares, e o riso dá lugar a ocasião, dá lugar a aproximação dos corpos, as bocas semiabertas, sedentas por encontrar-se, famintas do seu e do meu gosto e querendo encontrar os rostos...
Com um pouco de força abraço-te e vou delicadamente tocando sua pele, é quase como se não tocasse, mas está lá o toque: Percorrendo suas costas, seu pescoço, desbravando seus seios como território desconhecido e incerto, encoberto por suas vestes... Que logo são cuidadosamente arrancadas, testando até onde me é permitido arrancar e desbravar.
Desejos do outono, dos quais sou dono, mas não sou dono sozinho. Pois assim como eu me permito o devaneio e de desejo fico cheio, assim ela também o faz (eu creio), e sendo assim, e tão dona destes desejos cafonas quanto eu.
Tive muito critério até aqui, para muito dizer e pouco revelar, mas assim é melhor pra mim. Não que leve isso muito a sério, mas é melhor manter o mistério, até o fim. Combina comigo, afinal, mistério rima com o Risério.