LIBERDADE

Olho-te
No abismo dos teus olhos
Ao despir-me sem o tato
Reflexo calado em mim
Ao saborear-me com teu olfato
No pouco de mim que te revelo


Olho-te
Gosto que me seduz
Ao percorrer-me com avidez
E sutilmente me traduz
Ao transmutar-me toda a ânsia
Na sofreguidão do teu olhar.


Olho-te
Suavemente abstrato
Atravessado no espelho
Sacrário na madrugada
Derretendo meu pudor
Amordaçada em tuas mãos


Olho-te
Avido e inquieto
Não mais que um sonho
O ar em liberdade
E, em mistérios inda sugar
Nos tornando possuídos
Na liberdade do sonhar.