Soneto sobre um sonho

Não há sonho que, de certa forma, não conduza

a um remorso que nos persegue desde a hora

em que acordamos. O sonho é a hora difusa

do desejo frustrado; sexo que foi embora

e perpetuou-se em uma imagem confusa –

rascunhos dessa nostalgia de um agora

que nos deixa entregues à beleza da recusa

do tempo. Acordamos do lado de fora

de um reino do qual seríamos expulsos

para pedirmos exílio aos nossos algozes.

Os beijos que dei nos pés de uma mulher

é o que sustenta o ritmo de meu pulso,

mesmo que seja tudo um sonho. São doses

que o desejo vem me trazer numa colher.

Leonardo Stockler
Enviado por Leonardo Stockler em 14/12/2013
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