Vênus

Não sei há ou há de estar,

Minha mão na sua,

Teus lábios por mim a clamar,

Enquanto te contemplo toda nua.

Na essência da língua, sem linguística,

Apenas a minha na tua, sensualidade crua.

Outras estrofes são quentes, mas dísticas,

Já as tuas são rubras, fúlgidas,

Eternas e inversas no pôr da lua.

No despir da tua eroticidade,

Eclipso todos os problemas,

Surrealizo, então, a sexualidade

Nos teus negros fios de Ariadne.

Na elementar análise de tuas coxas,

Descubro o sombrear da razão,

A despótica revolução fosca e quente.

Livros a queimar, Buarque no chão,

Afogado no sentimento que se sente.