SILHUETAS VIVAS NO ESPELHO

Sinto-me apoquentada!

Vendo o tempo esvaecer-se

Preciso esquecer o passado.

Apagar os rastros tatuados.

Iluminar minhas noites...

Com sonhos acordados.

Cansei da tua revelia

Do silêncio ensurdecedor

Dessa angustiosa espera,

Parindo dúvidas, incertezas!

Basta! Cansei de dar socos

Em ponta de faca.

Quero perfumados momentos

Vivos! De cor púrpura.

Palavras inteiras...

Sussurradas em meu ouvido.

Carícias assanhando minha alma.

Não quero sombras, espectros!

Desejo silhuetas vivas no espelho.

Ardentes, cáusticas dançando em volúpia.

Candelabro ardente iluminando a alcova

Taças deitadas no chão... Vinho na boca!

Ouvindo melodiosa sinfonia de suspiros e gemidos.

A brisa agitando as cortinas...

Refletindo o brilho da lua pelas frestas.

Enquanto no leito dois copos duas almas

Enlaçadas, agarradas, fisgadas, capturadas.

De amor, paixão, entusiasmo e desejos.