ORVALHOS
ORVALHOS
Minhas mãos tateam na penumbra
Essa silhueta perdida entre curvas nuas.
Anatomia perfeita nessa escultura sagrada.
A alastrar essa chama,que me conflagra o peito!
Coração totalmente descompassado,
A alma, a querer sair apressada pela boca.
Arrepios, frenesis, mapeando a apele!
Mãos em atitude,em silêncio, navegam,
Nessas ondas do teu corpo, como meu poema!
Melodia dos sussuros a se deitar nos meus ouvidos...
Magia, e virtude, em ser mulher, em ser fêmea,
São como estrelas, seguindo sua sina.
Sinto no âmago, o reflexo dessas sedes...
Que voam do recôndito dos meus desejos,
E difunde-se em aspirais por todo o meu corpo.
E quando sua alma aproxima-se da minha alma,
Meu íntimo ferve, e atiça cada centímetro desse desejo,
Dssa volúpia que severamente me compele!
Me impele, tresloucado, desgovernado, para o teu regaço.
É como, se vários vulcões totalmente em chamas,
Resolvessem expelir toda a sua lava...
Fico assim, diante de te, sem nenhum controle.
E cada vez mais, minha sensibilidade me desnuda,
E me incita, e me enleva por inteiro!
Sinto-me nas vizinhanças de um labirinto profano e sagrado.
E não há GPS, por mais magistral, que dê jeito!
Ficarei, para sempre perdido nos teus lábios.
E ficarás, para sempre desenhada nos meus beijos.
Imagem invertida desse quadro, reflete-se no espelho!
E os acordes, em formam os aís, que passeiam na tua boca,
Me envolvem numa saga de luxúria e de prazeres.
Irrefreáveis, incoercíveis, indômitos!
Nesses momentos percorro caminhos extremos,
Que me ligam os céus aos infernos!
E vou lentamente apaziguando meus orvalhos.
Envolto ainda num redemoinho de desejos.
Albérico Silva