“Extrema Unção”

À noite nos caçou feito loba no cio. E o luar,

com toda pressa, invadiu o nosso quarto e nos cobriu

Perfumou-nos. E a nossa cama se enfeitou de anseios

Prateou-nos a rubra silhueta apaixonada de amantes

e as mãos que se tocaram, eram serpentes de ternura

Os olhares atentos dispensaram todas as palavras

e perdidos, ficaram pelo ar, os vestígios da razão

No arfar, as peles irrequietas eriçaram os pêlos

As rendas do lingerie suspiraram ofegantes

denunciando a intensidade dos meus desejos

Gota a gota, são extraídas de nós as essências

... da volúpia, que escorre nua pelos cantos

e vai caindo, feito estrelas extasiadas da boca

Exalando aromas e os fluídos do deleite

e da loucura, que se apropriou de nós.

No caminhar do tempo e nos descompassos

retiramos todas as vendas e voam todos os véus

Em nossos corpos, ferve nas veias o sangue!

O coração pulsante, o pecado bombeia...

com vigor, o tesão crescente e sem pejos.

Já não existem medos!

Somos prisioneiros nos labirintos de açoites

Olhos nos olhos... nos entregamos à morte!

A morte completa da sanidade da carne

Nossas almas cingidas e em gozo se desprendem

Ungidas pelos orgasmos. Extrema! É a nossa unção!

Kellen Cristine
Enviado por Kellen Cristine em 16/08/2013
Código do texto: T4437519
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