“Extrema Unção”
À noite nos caçou feito loba no cio. E o luar,
com toda pressa, invadiu o nosso quarto e nos cobriu
Perfumou-nos. E a nossa cama se enfeitou de anseios
Prateou-nos a rubra silhueta apaixonada de amantes
e as mãos que se tocaram, eram serpentes de ternura
Os olhares atentos dispensaram todas as palavras
e perdidos, ficaram pelo ar, os vestígios da razão
No arfar, as peles irrequietas eriçaram os pêlos
As rendas do lingerie suspiraram ofegantes
denunciando a intensidade dos meus desejos
Gota a gota, são extraídas de nós as essências
... da volúpia, que escorre nua pelos cantos
e vai caindo, feito estrelas extasiadas da boca
Exalando aromas e os fluídos do deleite
e da loucura, que se apropriou de nós.
No caminhar do tempo e nos descompassos
retiramos todas as vendas e voam todos os véus
Em nossos corpos, ferve nas veias o sangue!
O coração pulsante, o pecado bombeia...
com vigor, o tesão crescente e sem pejos.
Já não existem medos!
Somos prisioneiros nos labirintos de açoites
Olhos nos olhos... nos entregamos à morte!
A morte completa da sanidade da carne
Nossas almas cingidas e em gozo se desprendem
Ungidas pelos orgasmos. Extrema! É a nossa unção!