Branco
Pois, diante estou, do mais belo poema
Da mais linda flor, que Deus, num instante máximo de inspiração
Esculpiu com as próprias mãos, divina.
Vê, como possível é, que exista em uma mulher
Tantas formas de beleza? Formas da natureza sã
Do vermelho mais rubro da maçã
Ao brilho mais inebriante de uma estrela da manhã
Seus olhos trazem toda confusão
Toda excitação, das ondas de um mar
A vagar confuso na escuridão
Seu corpo, precioso atributo,
Diamante bruto, esperando as mãos
Que o esculpirão nas noites de amor
A vida, esse fio celeste, sempre prestes a sumir
Se vai, esvai-se em pétalas de flores brancas
Que caem em cascatas tontas, a marcar sua pele
De perfume, de cheiro tão suave que invade a alma
Que rasga o meu peito apaixonado por ti.
Ah, se possível fosse habitar na noite destes teus cabelos
Fazer dos teus seios travesseiros de mais branca cor
E confundir tua boca com a flor
Que inebria de desejo o impávido beija-flor
E fazer das tuas mãos, refúgios singelos para minha dor
Oh, coroada deusa dos ventos ateus
Canto dos Anjos no altar de Deus
Eva, que caminha nua pelo Éden
Pelo jardim, as flores cedem ao te ver passar
E as aves, fecham suas penas e cessam seu cantar