Animal – Um Duo!


Da noite
As trevas me perseguem.
Despertam uivos indolentes
Agrestes se esgueiram.

Ondulam entre meus pés
O fino capim da ribeira fria.
Arrepia a mostra de meus seios
Tudo assim logo sensual irradia.

Galopam em meu dorso
Um tropel de emoções
Pele fervilha mil sensações
Ritmo selvagem libidinoso.

Angústia, medo, solidão...
Sem ter para onde ir
Rumo, prumo, onde estão?
Respiração ofegante de partir.

Fecho os meus olhos
E sinto o peito explodir
Quero um porto, um potro...
A aliviar meus ais e meus cios.

Num fogaréu que arde os olhos
Do animal que me toma.
Cada vez sinto-me em brasas
A queimar minhas entranhas.

O ar úmido da floresta
Passa por mim
Convite ao virtuoso pecado
De acoplar-me a um macho.

Entre os ruídos e silvos noturnos
A sede me sacode
E tudo em mim implode
No pulular mais que profundo.

Em respingos d´água fria
Escorregantes gotas da luz da lua
Lavam as impurezas d`alma
Imunizam-me dos olhares profanos.

Na minha pele espessa.
Folhas mortas acariciam meus pés
Agradável sensação de nudez casada
Intrépido sentimento sado carnal.

Entre um passo e outro
Um trôpego galope de
Suor e sangue
Tudo se expõe e convida.
Ao ato da posse e entrega
Bem além do desejo.

Neste descaso que irrompe o a avelhar do tempo
Mesclando para sempre
O ato consequente dos elos se dá
Na junção da sede e da fome sensual.

A minha memória e a ilusão
De estar viva.
Se completa e se realiza
Na seiva profética da selva.

Luciah Lopez & Hildebrando Menezes
Navegando Amor e Luciah Lopez
Enviado por Navegando Amor em 09/08/2013
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