Lençol de beijos
A noite chega menina
E num aconchego de estima
Convida para o repouso
Tramado de fino linho
Como bordado de bilro
Deita-se em lençol de beijos
Invólucro ao corpo nu
O sono é leve
O adormecer breve
Em meio à madrugada
Que insiste em embalar
Desperta quase descrente
Com um vulto a sua frente
A lhe depositar carícias
Tão ternas, tão envolventes
Deixando-lhe em êxtase aparente
A promessa da visita foi cumprida
Percorre-lhe uma alegria desmedida
Que sem pudores a faz permitir
E a efígie revestida de atrevimento
Passa dela se servir
Saciando-se como bem quis
Dos pés aos cabelos até a raiz
Fartando-se para simplesmente partir
E assim o dia amanhece
Para fazê-la descobrir
Que dormira no sofá da sala
Tendo o frio gradativo do anoitecer
Gelado sua solidão
Aquecida em desnodoso pesadelo
De sonhar que fora amada