MARINA

A tarde, preguiçosamente, declinava

Cedendo seu tempo à noite

Que foi chegando ansiosa de segredos.

O oitizeiro solitário, triste, oferecia suas flores brancas

À Marina, que chorava,

Deitada à beira do rio onde se banhara.

Por que chorava Marina?

Chorava cantando uma toada triste

Ao amor com que sonhara?

A noite enfim chegara

Povoando de estrelas o céu

Onde parecia balançar uma Lua cheia.

Marina adormecera.

O vento morno lhe secava a veste transparente.

Em vaivéns contínuos as ondas recuavam.

Marina parecia sonhar:

Seios túmidos/ lábios ardentes,

Cabelos esvoaçando ao sopro carinhoso do vento,

Braços estendidos

Corpo moreno, fremente.

O pássaro cantava ao longe

Chamando a fêmea:

Bem-te-vi, bem-te-vi...

Marina parecia já estar à espera

Como se oferecendo à noite,

Aos seus segredos,

Lasciva, volutuosa,

A boca arfante, sôfrega.

Suas mãos abraçaram um corpo imaginário

Marina tremeu de prazer

E despertou sorrindo

Ao romper da aurora.

Natal, sem data.

Obery Rodrigues
Enviado por Obery Rodrigues em 04/08/2013
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