MARINA
A tarde, preguiçosamente, declinava
Cedendo seu tempo à noite
Que foi chegando ansiosa de segredos.
O oitizeiro solitário, triste, oferecia suas flores brancas
À Marina, que chorava,
Deitada à beira do rio onde se banhara.
Por que chorava Marina?
Chorava cantando uma toada triste
Ao amor com que sonhara?
A noite enfim chegara
Povoando de estrelas o céu
Onde parecia balançar uma Lua cheia.
Marina adormecera.
O vento morno lhe secava a veste transparente.
Em vaivéns contínuos as ondas recuavam.
Marina parecia sonhar:
Seios túmidos/ lábios ardentes,
Cabelos esvoaçando ao sopro carinhoso do vento,
Braços estendidos
Corpo moreno, fremente.
O pássaro cantava ao longe
Chamando a fêmea:
Bem-te-vi, bem-te-vi...
Marina parecia já estar à espera
Como se oferecendo à noite,
Aos seus segredos,
Lasciva, volutuosa,
A boca arfante, sôfrega.
Suas mãos abraçaram um corpo imaginário
Marina tremeu de prazer
E despertou sorrindo
Ao romper da aurora.
Natal, sem data.