Obsessão

Não há o que temer neste corpo.

A lei é sentir a humanidade

se dissipando nesta carne

atada a múltiplos desejos.

Carne eriçada em agonia

de consumar os almejos

para finalmente se quedar

em explícita calmaria.

Carne gritante, homicida

do intervalo dos instantes!

Carne submissa, de tempos despida,

entregue a vontades de bacante

que atormentam a saudade

do corpo dominante...

Carne-altar de toques famintos

que emergem e se chocam, labirintos

de odes aos espasmos consumados

por ímpetos e silêncios inflamados;

carne de fulgores dionisíacos.

Carne pura e indomada, matéria tomada

pela boca (sedenta) de todos os sabores

e pelo descontrole da mente extasiada!