Sede
Lua amiga me leva
Nessa esfera estranhamente sem forma
Numa demora que faz explodir meu peito
E assim nesta estranheza e com efeito
Sabe bem o que eu não sei dizer
Sem palavras conto meu segredo
Neste espelho em que me mostro
Desenho meu imenso desejo
Esse mesmo desejo que já me habitou
Hoje volta sem avisar e me devora
Sem prova, sem pedir, sem demora...
Lua amiga me leva
Azul constelação me cega
Não me deixa ver novamente aquela estrada
Percorre meu corpo ardente
Tira de mim esta sede indecente
Deixa-me descalça e sem pé
Espalha espinho pela rua
Rouba-me as vestes
Deixa-me nua
Afoga o desejo insano e perfeito
Tira-me a luz do dia e o infindo anoitecer
Para que eu não possa ver...
Para que eu não possa ser...
Esconda-me o caminho da volta.