Perdição Platônica
Fecho os meus olhos e sinto a corrente atravessar o meu corpo
E com as minhas pálpebras ainda cerradas, visualizo um mundo metafísico
Tremulo junto ao meu inverno absoluto, o calor aos pouco se dissipando
Enquanto mãos gentis e dedos audaciosos acalentam-me em seu manto
Em meio aos seus sussurros abafados e às carícias que fazem de mim uma fera mansa
A sensação de ter alcançado uma experiência divina me domina
Mesmo que eu não passe de uma mera projeção imperfeita
Enquanto sinto os meus pés adormecerem, entrego a mente à serenidade
Vou imergindo ao transe que me permite o contato com as verdades relativas
E quanto mais profundo eu tenda a adentrar
Mais convencida estou de que o mundo real existe apenas dentro de mim mesma
Assim como a certeza de que terei de voltar às trivialidades de sua mimese é enfatizada
Ainda que o meu desejo seja o de nunca mais acordar