"Em apelo"
Traga-me o véu dos teus afagos
semeia o que não vês
e traça tuas manhãs
nas minhas sem lhe ter
Vaga sou sem tuas mãos
como estas das marés
pedindo o acalanto
morrendo a beira mar
recolhendo-se aos recantos
como quem busca lhe chamar
Sou vesta, pura, virginal
desejosa dos beijos que não dei
sou taça na pele carente
beba-me em desejo inclemente
vem, sacia-me a fome
esta que arde marginal
Veste-me do teu querer
despe-me da minha escolha
ama-me sem ter um porquê
em teus braços, a mim acolha
faça-me o ser que não sou
implora no silêncio aquela
vertida em seiva e luxúria
sou eu tua fêmea que apela!
- Kátia Golau Cariad -