A Valsa
A valsa toca o ardor do seu hálito
Sua boca perto da minha face avermelha
Meu coração inebriado palpita
Minha mão em sua cintura passeia mansa
E nos eflúvios dessa dança
Os versos que cintilam das notas
Nossos corpos se tocam, sem malícia
Sua pele crispada dispensa a carícia
Lânguidos e enamorados nos olhamos
Seus olhos, duas verdes esmeraldas.
Bálsamos perfumados apalpam minha alma gelada
E sua mão graciosa na minha espádua, aquieta-me a calma.
Os segredos que lhe conto ao ouvido
São sussurros saudosos de um tempo esquecido
E os violinos choram e gemem
E no salão nossas vidas vacilam, nossas almas temem.
A valsa excita e aquece nosso desejo
Sua tez rósea, pálida, revela-me o segredo,
Que em seu íntimo rumina
Seus seios se espantam, meus braços te apertam
E gelam nossos intentos
Na sala falam e falam e comem e bebem
Mal nos apercebem
Pouco importa, nós também não os percebemos.
Minha doce Cecília
Agora tão enlaçada em meu peito
Sua linda cabeça ornada
Descansa mansa em mim
E dançam, dançam as ninfas
Embalam com seus cantos,
O puro amor, e soam os sinos
E os anjos também cantam
Aprovados por Deus, agora estamos
E a valsa chega ao fim
E nos meus lábios entreabertos
Um beijo de virgem deixas para mim.