Cecília
Na nota da valsa, rompi o teu beijo
Sua pele, tão alva, entregue ao desejo
Meu corpo já nu, o seu espera, lascivo
Suado, molhado, revoltoso e impreciso
Nas suas curvas tatuo minha alma
Nos seus seios, dois lírios abertos
Duas taças cristalinas, emborcadas,
Num colo marmóreo e seleto
Sua vulva latente convida
Ao beijo, ao ósculo do seu mel
Da minha boca e da saliva
No passeio discreto da minha língua ambígua
A desfrutar do seu demasiado desejo
E meus olhos te despem
Meus dedos te marcam
O amor nos consome
A paixão nos perverte
Somos deuses sem nome
No Panteon do pecado
Ardemos dementes, somos seres alados
Amantes desgovernados
De um gostar quase doente.