CLANDESTINA

De repente, como por mero encanto,

A alucinação me tomou por inteira,

E feito louca a gargalhar por entre prantos

Vi minh’alma refletida num espelho...

O silêncio da noite me envolvia,

E o luar acentuava minhas formas,

Clareando a emoção que em mim fluía,

Feito rodamoinho arrastando folhas mortas...

O apelo mudo que me consumia,

Fazendo-me arder como uma tocha acesa,

Vibrava no sentimento novo, que me confundia,

Desnudando-me de forma mais que plena.

Não havia lugar naquele mágico momento,

Fosse em meu íntimo ou no ilimitado céu,

Capaz de definir, mesmo que em pensamento,

O imprevisível ato de “tirar-me o véu”...

Aprofundar-me em meu subconsciente,

Buscando a verdadeira identidade,

Foi um ato corajoso e inconsequente,

Num abismo entre duas realidades...

E a Lua, de repente, virou sol,

Da noite, tão escura, se fez dia,

O amor agora flui suavemente,

Sustentando e reciclando minha vida.