Tu és Neguinha
Tu és bahiana/paulistana
Morena Brejeira
cheiro de Fulô
sumo doce de cana-caiana.
Cor de canela
Iemanjá rainha do mar é ela;
musa da poesia
és Tu Neguinha!
Cruzas com a magia, sim
Tu és Neguinha? Sim
Linda e esculpida
numa lambida minha.
Adaga cravada no peito
do poeta malquisto;
mas dito por não dito
fica o que está escrito.
Brava, pantera negra
de gritos e arrepios;
que o poeta sem brio
o poema não nega.
Não nega, porque cegas
o sentido da visão.
Mas, dele o tesão
de guia lhe serve a mão.
Que despudorada descreve
a beleza da nudez;
do corpo dela revela
os encantos que a ele fez.
Se ele não fosse poeta
os dentes te cravaria;
como de letras não entenderia
só com uma língua, Te acalmaria.
Da bravura para a ternura
com magia e poema;
de fantasias teria a fêmea
mesmo que só na poesia.