Paralelo em delírio...
Noite quente de verão
dois corpos ardentes procuram se tocar,
mas em pensamentos, distantes estão
em silêncio, cada um no seu lugar.
De desejo se consomem, ardendo na cama
chegando a arrepiar a pele, perfumar a alma.
Mas a carne sente falta, pede e clama
Gelo na brasa só inflama, nada os acalma.
Na brasa, ou no gelo é só prazer
num vai e vem alucinante
suados, molhados, nus em pelo querendo sorver
os fluidos desse bailado fascinante.
Onde desejos saem pelos poros, insanos
não há razão e nem é direito
se nossos sonhos são conjugados há tantos anos
amantes permanecerem distantes, num paralelo desfeito.
- Valdir Guimarães e Fernanda Cau Lanza -