"Primavera em Lençóis"

"...Quando dei por mim já era tarde, já estava entregue e ele já tinha ido.

Perdido!

Deixando em mim um cheiro de saudade e uma vontade de não sair mais da cama para ficar a sua espera.

Quem dera!

A manhã sempre me trazia sempre a vontade de levantar ver o mundo.

Esta manhã era diferente me trazia lascívia e um delicioso cansaço.

Profundo!

Meu corpo mal coberto guardava nele a gozosa sensação de de ter sido invadido, dominado.

Malvado!

Minha carne ainda tremula trazia as marcas das mãos fortes que a apertara.

Tomara!

Uma leve sonolência tentava dominar-me para compensar a noite em claro e bons lençóis.

Sós!

Minha flor desabrochada e latente ainda orvalhada, exalava seu olor de flor polenizada..."

("Primavera em Lençóis", Carlos Ventura)