Dama da noite.
Venha cortesã, no teu afã
Com tua mente sã, como tu és vã
Vai, mulher da vida! Do amor... desprovida
Com alma despida... nessa faina maldita
Noite de muitos amores... no peito profundas dores
Labuta de horrores... fantasias de várias cores
Nos olhos toda nostalgia, a quem chamam de vadia
Noite longa, de longa orgia... vai dormir que já é dia
Quantos mistérios há no teu olhar?
Caiu a noite, acorda, vai trabalhar
Pra ter você tem que pagar...
Paciência ! Eles só querem te amar
Mulher objeto... exposta. No poste, se encosta
Esteja ou não disposta, vai... e finge que gosta
Tira a roupa, messalina... não precisa vaselina
Ah que triste sina! Não me apresse... já termina
Dama da noite, meretriz. Como representa!
Quê atriz! Não acredito no que tu dizes...
O que foi mesmo essa cicatriz?
Mulher de vida fácil... Jura?
Não! É mulher de vida dura...
Afinal, quantos homens ela atura.
Não é moleza! É dureza pura!
Dama da noite, me perdoa...
se acaso te magoa
A poesia que te apregoa.
Não faço discriminação à toa...
Sou poeta... e como tal,
busquei essa inspiração cabal
À você, meu abraço fraternal.
Meu amor por ti é incondicional!
Amo todas as mulheres em geral...
desculpa, não é nada pessoal
És mundana? És mulher! És genial!
Então, não me leve a mal...
(Versos Perversos – pág.27 - 29 de fevereiro de 1977)