A RIVAL

Na madrugada de 30 de novembro de 2012

Criei-te rival pele na minha pele

odor transpirando

da pele do homem

que chamei de meu

sem poder para arrancar-te

de nós.

Criei-te outra fêmea

para o gozo dele

que me chamou de sua

certa vez

e já não sei retirar-te

do meu sim

do meu não.

No talvez

há uma grande brecha

para abrigar-te assim,

imensa como és.

Mulher assim transbordante

deste imaginário

na cama, pretérita?

do homem que em noite

de há muito

no sêmen dos segundos

houve inteiro em mim.

Talvez por tão bela

talvez por tão sábia

talvez por tão antiga

mais do que jamais fui.

Flagrante e fragrante no presente

em teu rosto

e em tuas mãos e colo, mulher,

tantos odores

do Cântico dos Cânticos

mulher a quem devo amar

não mais que pela suspeita

de habitares

ao menos a saudade

do homem

que há mundos

no bater dos minutos

nos suores

nos odores

das águas desatadas

em nossos corpos

pude chamar de meu.

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