Fusão
Entre sem pudores
Pelo meu ventre
E entre suas mãos
Me sinta...,
Consegues me enxergar?
Seguindo as fazes da lua,
Crescendo nas cores,
Cheia de amores,
Minguando suada,
Ou especialmente negra,
Abarrotada de mistérios...
Vês meus pés?
Corro sem pressa,
Porque o vento em seu colo me leva
Lavrando sulcos entre as coxas.
Olha essas ruas escuras
Lotadas de espelhos...,
Meu corpo luminoso ilumina
Os brilhos multifacetados dos vidros,
Transmutamos os cacos em tochas.
Olha a fogueira escondida
No meio da noite,
É este teu grito selvagem
Que quero,
Sem ninguém para olhar,
Quando somos só nós dois
Um iluminando um ao outro.
Venha então fundir-te comigo,
Naquele rito antigo,
De criação e fusão das estrelas,
Vamos das vida aos cometas,
Gerar os filhos do universo,
Em um,
Acendendo eternamente as luzes de Eros,
Desvelando todos os seus mistérios,
Multiplicando sempre e sempre:
O amor,
O divino em nós.
Clarice Ferreira
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