Corpo,carne e sal
Transpuseste-me a uma segunda morte
e ai de ti trancafiar-me livre em tuas prisões,
sequer pelo dia de um segundo.
O ócio me garante o vácuo do teu ímpio olhar
e entre nós dois nada eu sou de tudo,
porque se eu falo, sinto-me surdo,
se deixo de te amar me nego ao vício.
Teu corpo é pátio dos milagres impudicos que tua carne faz,
tal qual um deus desprovido do hálito de algum amor embriagado,
ajoelhado nas mãos de algum rosto descorado,
a apanhar olhares meus afoitos em tudo,
provando pedaços doces de beijos carnudos,
nos infernos de certos céus amargos do mundo.