Devoção insana

Devoção insana

Quero amar-te,

Intensamente como se fora arte...

E dissolver o teu amor em mim

Como se líquido fosse

E brotar a flor carmesim em ti violeta...

Quero amar-te, devagar

Nas curvas e atalhos

Nos assoalhos...

Unir teus braços feitos galhos

E multiplicar-nos.

Possuir-te

Como serpente com lábios de mel!

E fecundar-te...

Sou várias tribos.

Sussurrar em teu ouvido dialeto indígena

De índios que nunca viram homem branco

Para que ninguém entenda o meu sussurro...

Nem o vento,

Por mais que insista...

Só a intimidade das línguas...

Saberão nossos segredos.

E são tantos

Mas todos guardados a sete chaves....

Sete luas...sete estrelas...

Tudo que se move tem ouvido

Só quero ouvir o teu gemido

Enquanto quase urro

Parece que morro e ressuscito

Não seguro o grito...

Numa sensação alucinógena

No vai e vem da embarcação..

Cais...

Teu amante numa fração de segundos

Por segundos intermináveis.

E o mundo?

Repleto de asperezas...

Não olhes, agora, pela sacada!

Ainda guardas meu retrato na bancada?

Faço juras de joelhos

Que não cabem mais em si

De tanto encantamento

Quero mais e mais... sou coelho...

Numa devoção insana

Maldita e santa...

Quase transborda

Mas nunca morna.

Tony Bahia.

¨¨¨¨¨¨Versos-título, inspirado num comentário da grande poeta¨¨¨¨¨¨

Arana do Cerrado

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 10/10/2012
Reeditado em 11/10/2012
Código do texto: T3925040
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