Devoção insana
Devoção insana
Quero amar-te,
Intensamente como se fora arte...
E dissolver o teu amor em mim
Como se líquido fosse
E brotar a flor carmesim em ti violeta...
Quero amar-te, devagar
Nas curvas e atalhos
Nos assoalhos...
Unir teus braços feitos galhos
E multiplicar-nos.
Possuir-te
Como serpente com lábios de mel!
E fecundar-te...
Sou várias tribos.
Sussurrar em teu ouvido dialeto indígena
De índios que nunca viram homem branco
Para que ninguém entenda o meu sussurro...
Nem o vento,
Por mais que insista...
Só a intimidade das línguas...
Saberão nossos segredos.
E são tantos
Mas todos guardados a sete chaves....
Sete luas...sete estrelas...
Tudo que se move tem ouvido
Só quero ouvir o teu gemido
Enquanto quase urro
Parece que morro e ressuscito
Não seguro o grito...
Numa sensação alucinógena
No vai e vem da embarcação..
Cais...
Teu amante numa fração de segundos
Por segundos intermináveis.
E o mundo?
Repleto de asperezas...
Não olhes, agora, pela sacada!
Ainda guardas meu retrato na bancada?
Faço juras de joelhos
Que não cabem mais em si
De tanto encantamento
Quero mais e mais... sou coelho...
Numa devoção insana
Maldita e santa...
Quase transborda
Mas nunca morna.
Tony Bahia.
¨¨¨¨¨¨Versos-título, inspirado num comentário da grande poeta¨¨¨¨¨¨
Arana do Cerrado