Tuas mãos

Sinto tuas mãos deslizarem em meu corpo

Na rua escura, apenas nós e um vigilante solitário

Apito em punho,avisa de sua presença

passa cabisbaixo

tentando decifrar alguma coisa

Mas estamos apenas conversando

Olha um pouco para trás

vai-se noite a fora

Nós, amantes do medo, continuamos

A palmilhar nossos corpos

Como quem busca algo invisível

A sensação de volúpia estremece -nos por inteiro

Entregamos-nos aos desejos da carne

Sempre como a primeira vez

Pois cada rua que nos abrigava era a primeira

A emoção, o medo e o tesão se entrelaçavam

Dando sabor àquele momento único

Assim seguimos, noites a fio

Como pedintes errantes arriscávamos cada dia mais

Mais amávamos cada vez com mais intensidade.

De súbito tuas mãos pararam

Tu paraste

A respiração foi sumindo

Meu desespero aumentando

Chamava-te, jogava-me sobre ti

Mas não havia respostas

Tuas mãos caiam mortas.

valene
Enviado por valene em 15/09/2012
Reeditado em 31/12/2014
Código do texto: T3883901
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