Tuas mãos
Sinto tuas mãos deslizarem em meu corpo
Na rua escura, apenas nós e um vigilante solitário
Apito em punho,avisa de sua presença
passa cabisbaixo
tentando decifrar alguma coisa
Mas estamos apenas conversando
Olha um pouco para trás
vai-se noite a fora
Nós, amantes do medo, continuamos
A palmilhar nossos corpos
Como quem busca algo invisível
A sensação de volúpia estremece -nos por inteiro
Entregamos-nos aos desejos da carne
Sempre como a primeira vez
Pois cada rua que nos abrigava era a primeira
A emoção, o medo e o tesão se entrelaçavam
Dando sabor àquele momento único
Assim seguimos, noites a fio
Como pedintes errantes arriscávamos cada dia mais
Mais amávamos cada vez com mais intensidade.
De súbito tuas mãos pararam
Tu paraste
A respiração foi sumindo
Meu desespero aumentando
Chamava-te, jogava-me sobre ti
Mas não havia respostas
Tuas mãos caiam mortas.