Divina gula sensual
Quero pecar agora só com você
Colado ao teu corpinho macio
Ficando todo à tua inteira mercê
Magnetizado pelo imã do desvario
Passeando meus lábios famintos
Por essa tua pele doce e sensual
Indo manso, intrépido e completo
Roçando ternuras... Afagos... Impulsos
Cobrindo-a de carinhos plenos e repletos
Sentindo fraquejar as pernas e o pulso
Entrelaçando nossos lábios sedentos
Em longos... Demorados... Beijos e abraços
Vislumbro uma virtuosa gula... Selvagem!
Arrepiando dos pelos às minhas entranhas
Na fome incontrolável e insana derrapagem
Nas suas sinuosas curvas... Que se assanham
Colidindo os meus mais ardentes desejos
Hipnotizado pelo fulgor... Trêmulo... Enlouquecido
Imagino então frescores de hortelã... Mentolados
Saindo do veludo de sua boca escondida
Nossa mente eletrizada... Enfeitiçada
Entoando as delícias do amor soberano
Ouvindo... Silenciosos... O som do coração
Que batuca em estado de espiritual devoção
Está musicando... Compondo... Criando...
Editando canções maviosas e ébrias de emoção
Na magia serena da mais bela arte refinada
Que só duas almas apaixonadas conseguem intuir
Nesse cenário de sedutores encantos...
Dissipamos então todos os nossos prantos
E incendeio... Aqueço... Umedeço... Molho
Os seus mais escondidos recônditos labirintos
De onde se pode ver uma suave réstia de luz
Iluminando a penumbra do quarto escuro
Preenchidos vazios da melancolia... Da solidão
Possuímos-nos assim... Felizes... Intensos... Plenos
Num raro e belo espetáculo de mundanos prazeres
E lá do céu, em deslumbre, já ouço o perdão divino...
Desse nosso pecado virtuoso e sublime.
Hildebrando Menezes