SEM RIMA 257.- ... doce espelho ...

Era como caminho de seda e sarmentos,

prudentes, finos, flexíveis e quase loiros:

E no caminho, um como espelho misterioso,

semeado de enigmas e segredos sensuais:

Parecia porta encaracolada e rugosa,

mas era terna, como de polpa volúvel:

O caminhante atravessou o espelho e achou

mundo de fantasias a frisarem-lhe o corpo...

Pressentiu transmudar-se numa Alice indecisa:

continuar?, seguir o coelho branco?, se deter?

Não foi: converteu-se, ele, o caminhante,

em coelho rosado de doçuras nervosas.

Soube que se achava num "locus amoenus",

renascente e húmido, de agarimosa* erva.

Licor ambrosíaco deliciava-o embriagador:

no céu o arco-íris abria-se em êxtase solene...

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(*) "agarimoso" adj. (1) Que ampara ou protege; protector. (2) fig. Carinhoso.