SEM RIMA 248.- ... amor abominável ...
Se amar promove e obriga
a praticar o amor...
E, se praticar vale por exercitar-se,
por que os nossos "mestres",
diligentes e bons pensadores,
nos precavem contra a prática,
contra o exercício amoroso?
Desde meninos, aquando meninos...
Não ames...
Aguarda a madurecer...
Ela constitui um perigo...
Ela... cuidado!
Ela e ela...
Ele e ele...
Adolescentes...
Ou já crescidos
ou na madurez.
Amamo-nos!
(Terrível, abominável declaração.)
Olhem que belo comentário,
coutado e, apesar de tudo, certo,
complementa este poema meu tão simples:
"... o texto de Agostinho no qual ele afirmava
que o amor era seu peso e que ele sempre
se inclinava, caia, para o lado do amor,
e 'ama e faze o que quiseres', significa,
de acordo com Agostinho que nosso destino
está determinado pelas coisas que amamos,
e o fundamento de todo ato é o amor, então todo
o que fazemos é produzido pelo amor.
"A filosofia de Agostinho proclamava
que é o amor quem nos impulsiona,
quem nos leva, quem nos atrai:
o rumo da vida é dado pelo amor.
"Então, as coisas que amamos assinalam o rumo
de nossa vida. Por isso Agostinho pode aconselhar
aos seus discípulos 'ama e faze o que quiseres'.
Se for por amor está certo... [---]
"Uma vez por todas, foi-te dado somente
um breve mandamento: 'Ama e faze o que quiseres'[*].
Se te calas, cala-te movido pelo amor;
se falas em tom alto, fala por amor;
se corriges, corrige por amor;
se perdoas, perdoa por amor.
Tem no fundo do coração a raiz do amor:
dessa raiz não pode sair senão o bem!"
("Entre dois amores: O Amor e a Vida na filosofia de Santo Agostinho", por Jorge Luis Gutiérrez, Doutor e Mestre em lógica e filosofia da Ciência (Unicamp), Professor da Universidade Mackenzie, Professor da Faculdade de Filosofia São Bento
in http://revistapandora.sites.uol.com.br/8_amor.htm )
...
(*) A frase "Ama e faze o que quiseres" pertence ao tratado 7, secção 8 do 'Comentário à Primeira Carta de João'. Nela resume-se a sua ética, cuja característica é a ação, alicerçada no amor.