SEM RIMA 246.- ... próprio amor próprio ...

Sorte

Perdi o norte,

Soltei o desejo,

Nos braços da sorte.

A sorte bafejou-me,

Encontrei o que esperava,

Porque amo e sou amada.

Amo-o, amo-o muito!

O mais importante? Amo-me a mim.

Lucibei enviou este poema (Código do texto: T3759898) ao "Recanto das Letras" em 04/07/2012. Li-o e prometi-me elaborar um "Sem rima" que arrancasse dele. Ei-lo:

Amor, sobretudo Amor, importa na Vida:

"Amor dá Vida" é Verdade comum:

Mas cedo hierarquias impõem condições:

Condição imperiosa e Amor submetido

contradizem-se: Amor recusa ser

condicionado, determinado, subjugado.

Amor segue o norte do desejo e da sorte:

Sem dúvida. Amor apenas ama o Amor:

Amor só será Amor se for Amor próprio:

próprio Amor próprio...

Podem celibatários institucionais impor

este ou estoutro Amor, proibir aqueloutro,

reduzir o desejo a inanidade vã e vazia?

Se Amor próprio exigir ser próprio, apenas

mediações sensíveis, sensuais, sentidas

o exercerão e o evidenciarão propriamente.

Amor sem carinho, Amor sem carícias,

Amor sem beijos, Amor sem abraços,

Amor sem pele, sem carne, sem tremores:

esse Amor nem "amor" é:

é nada de Amor, é nada:

simplesmente ódio profundo.

Ah, se nos amássemos de palavra e de obra,

de mãos dadas e com abraços experientes,

entre alegrias e prazeres e êxtases musicais...

Ah, se assim fosse o nosso Amor,

o nosso próprio Amor próprio...!!!