SEM RIMA 214.- ... nua ...
Poeta Galega, 6 de maio de 2009 (já choveu!), enviou ao "Recanto das Letras" um poema, quase letra de canção, de título "Quando me olho nua" (Código do texto: T1579061), cujo 'ritornello' é "Quando me olho nua sinto que não te mereço...".
Não sei bem se o poema
se dirige... se eleva como prece
a um amante fictício ou presumível,
ou talvez a pessoa conhecida
que a poeta pudesse identificar
com nome e apelidos e mesmo alcunha.
Tanto tem:
Não reparo nesse pormenor.
Atendo aos factos, sim, factos
(são factos mesmo fictícios)
o de ela se olhar, de se olhar nua,
o de ela sentir, de se sentir desmerecedora:
quatro atos subjetivos, mas projetados pela letra
à consideração da leitora ou do leitor eventual
ou fortuito...
ou quem sabe se na esperança de ser recebidos
e consentidos por alguma pessoa certa...
Serei especial (ou não), mas entendo
que o dilema carece de sentido: o poema,
qualquer poema, mesmo estes meus "Sem rima"
que mais parecem particular diário adolescente
(redigido por velho irremediável), apenas propõe
leituras e imagens ao gosto da pessoa que o lê
e, lendo, elabora ou desenha fantasias ao seu gosto.
Eu, ao caso, por culpa do poema, não sonhei "amor
perdido" a mostrar-se "feio e vil, imperfeito, pacato
e desconseguido...", mas uma mulher deliciosamente
desejável, tentadora, digna de beijos íntimos,
de abraços prazerosos e de contemplação até o êxtase.