SEM RIMA 186.- ... sempre mulher ...
De Vinicius de Moraes é a letra, de Antonio Carlos Jobim, a música (http://www.youtube.com/watch?v=LoyC-EEDCjo&feature=related ):
Mulher, ai, ai, mulher
Sempre mulher
Dê no que der
Você me abraça, me beija, me xinga
Me bota mandinga
Depois faz a briga
Só pra ver quebrar
Mulher, seja leal
Você bota muita banca
Infelizmente eu não sou jornal
Mulher, martírio meu
O nosso amor
Deu no que deu
E sendo assim, não insista
Desista, vá fazendo a pista
Chore um bocadinho
E se esqueça de mim
Editora Musical Arapuã
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Será questão da biologia
ou das hormonas (afinal, biologia):
É cousa da vida ou da Vida... biologia
em estado puro: transcendente biologia...
Mas o varão pende para a mulher, até se debruçar
nela ou sobre ela. A mulher propende ao varão
até o amar, até o martírio gostoso ou doloroso:
Vinícius erra ou mente: "Chore um bocadinho..."
Ignora que o estado natural da mulher
navega pelo sorriso sossegado e aliviador?
Está certo ao mandar "se esqueça de mim"?
Impossível a mulher se esquecer do varão,
mais impossível (se for possível) o varão
se esquecer da mulher, desta ou da outra,
talvez; contudo, nunca o varão esquece
a mulher, nunca, nenhum varão...
Nenhum?
A regra torna-se universal, se mudamos
varão e mulher por pessoa: pessoa
nunca lhe esquece à pessoa, amada
biologicamente, até a raiz, até o fundo,
até o martírio...
Essa que abraça e beija
e mesmo xinga, mas, xingando, enfeitiça
a pessoa,
e luta com ela, envolvendo-a
nas brigas de amor... e desamor... combate
glorioso de ser... e não ser...
Portanto,
choremos... húmidos de alegria e de graça
porque a Vida assim está a conformar-nos
esquecediços... esquecedores... só um bocadinho
nunca de todo...