Nossa melodia sensual


 
Ah, deixa eu dizer o que penso ter acontecido contigo
ao perceber esta tua paixão torturante e ao mesmo tempo inebriante.
Sabe, amada, nosso corpo e nossa alma possuem notas de vida
semelhantes  às notas musicais. Como  sabes, poucos cantores
e muito menos músicos conseguem atingir  em certas notas,
pois exigem muita voz, ou muita perícia das mãos.
Creio, amada, que, involuntariamente,  mas afortunadamente
toquei  nesta tuas notas jamais imaginadas  por qualquer um outro.
Estavam intocadas e suspiravam por surgirem e criarem vida.
A melodia que sentiste foi tão doce que chegaste ao êxtase máximo.
E depois que descobrimos a nossa maior delícia, queremos repeti-la,
repeti-la  sempre, e mais e mais...
Daí esta tua fome de mim, que não sacia nunca, nunca!
E esta  saudade funda que exige a minha presença,  custe o que custar.
Te sentes uma harpa abandonada pelas minhas mãos que sabiam
dedilhá-la,  com ternura. E o contato com minha pele macia
fazia com que o nosso andamento sensual  te levasse
aos mais bonitos agudos,  que nunca havias experimentado.
Nossa música tinha de tudo: desde um adágio  até um alegro presto,
o que significava nunca haver monotonia em nossos encontros.
Sabias vibrar do lento ao rapidíssimo, ao toque sutil de minhas mãos.
E  nas pausas e escaladas o arrepio era inevitável, o corpo estremecia,
chegavas à quase morte, mas era vida, muita vida que ganhavas.  E essa sublime tocata  era apenas o prelúdio...
Este teu amor único,  inconfundível e inimitável,  perdeste,
a melhor história de sua vida e que sentes falta,

restando uma saudade dolorida e uma esperança de seres tocada novamente.
Mas será só isso, ou o amor é tão verdadeiro que teima em se prolongar indefinidamente?