SEM RIMA 171.- ... geografia da mulher ...

Já me referi ao Unamuno e à sua

teima por caracterizar a paisagem

galega e norportuguesa como feminina...

E a "cousa" fez-me matinar e imaginar...

Se a paisagem pode ser como mulher,

a mulher pode ser como paisagem,

geograficamente definível, n'é?

E lembro que por cá, pelos cantinhos

do "Recanto das Letras", andam alguns

textos meus, líricos uns e outros

narrativos, em que ensaio tentativa

dessa espécie...

Não sei se o dei feito.

Vou tentar de novo,mas não neste

"Sem Rima"; talvez no seguinte ou

quem sabe...! Tenho bastante escrúpulo;

duvido-o intensamente... Quem sou eu

para persistir em metaforizar obsceno

o corpo da mulher?

Ainda que seja

uma mulher sem corpo?

Não sentirão

as mulheres que me lerem, recantistas

ou não, a sua dignidade subtraída

e mesmo traída, rareada, inclusivamente

aviltada, reduzida e degredada?

O escrúpulo envolve-me até ao remorso:

Peço humildemente todos os perdões

por hesitar, por ter concebido

inconveniência tanta!!!