Ela Me Crucificou
Ela me crucificou na sua cruz,
Invocou corvos a tomar minha carne,
Sugou, bebeu meu sangue como
A rainha do sabá,
Invocou deuses e deusas.
E dançou, dançou a dança,
Girando no compasso da melodia.
Gritou, gritou de gozo
E sangue, gemeu prazer infinito,
Despertando estrelas e planetas.
E tomou meu lábio e mordeu,
Sentiu meu sangue sofrido,
Minha dor, meu medo.
E com unhas, arranhou meu peito,
Feito ave de rapina e lambeu
Meu peito ferido, saciando
Sede voraz, língua felina e áspera,
No peito que sangra seu suco carmesim.
E transgrediu meu rosto poético,
Duas vezes, quatro vezes,
Chamou-me de poético amante
E mostrou seus seios,
Exibiu para o mundo.
E gargalhou, gargalhou contente
Vangloriando sua majestade.
E assim, me beijou,
Furiosa, agressiva,
Tentando absorver minha alma,
Penetrando suas unhas em meu peito,
Cantando línguas compreendidas,
Beijou-me ardentemente,
Sua presa, o poeta.
Dor, dor, deixa que penetre.
Dor, dor, sou seu e nada mais me resta.