SEM RIMA 125.- ... altar da ternura ...
Foi Teixeira de Pascoaes, poeta, quem poetou em data memorável:
Galiza, terra irmã de Portugal,
Que a divina Saudade transfigura,
A tua alma é rosa matinal,
Onde uma lágrima de Deus fulgura.
Terra da nossa infância virginal,
Altar de Rosalia e da Ternura,
Dedico-te estes versos, que, uma vez,
Compus, em alto cerro montanhês.
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Tenho plena consciência
de nestas circunstâncias ser incapaz
de imitar poemas como o do Teixeira:
Careço (confesso-o com vergonha)
da força precisa para comungar Saudades
Talvez ainda eu ande pelas corredoiras
da infância nem perdida nem portanto achada
Sei que a montanha inspira
verso enaltecido, excelente
e digno de viver no céu das deusas,
mas eu sou vizinho do mar,
sossegado e violento,
e apenas (e desde longe)
tento investir os poemas
das espumas restantes,
dessas que ficam espalhadas
esmorecentes nas praias e nas rochas...
Ah, se conseguisse elevar altares de ternura
às deusas desconhecidas,
que com certeza percorrem
nuas e felizes as montanhas galegas...