Êxtase
Minha alma tem janelas
Por onde corre a neblina
E onde perco compasso
Prendendo-me, criando laços
Por causa do cheiro íntimo do corpo dessa menina
As cinzas do pensamento
Dúvidas todas queimadas
Jogadas ao longo do tempo
Do jardim de minha amada
Talvez corte meus pulsos
Sou mestre, sou aprendiz
Afiando a lingua em frêmitos
No rebolar de seus quadris
A compulsão macumbenta
Girando, embasando as vidraças
Gemidos, gritos, pele corta
Por tuas unhas encarnadas.
Salto sobre o teu corpo
Na revanche um xaque-mate
Rainha de coxas roliças
És minha nem que me mate!
Vulcanicamente sem freios
Sem receios, sem sutiã
Minha serpente sensual
Dançante, meu carnaval
Sou teu sem receios, sem começos ou meios
Sem nada de eventual.