Ratos e homens
Ratos e homens, meu amigo!
"O que é realmente verdadeiro permanece",
A estrada permanece, estamos vivos.
É inútil cultivar tristezas, é como caminhar
Descalço sobre ouriços-do-mar.
Parte do que em nós é jovial fenecerá um dia,
Cedo ou tarde,
Mas que seja antes este invólucro a que chamamos
Corpo do que o fogo intenso qual xoxota umidecida
Que nos anima e faz arder por dentro.
Pois é! Ratos e homens!
Pois é, meu camarada,
Para onde foram todos?
De onde vêm tantos pesadelos?
Ao que é belo chamo DEUS.
Ao que é deus chamo BUNDA.
Eu amo verdadeiros cataclismos,
Tempestades infernais do espírito,
Mas estou preso ao meu perverso
Ursinho de pelúcia chamado MÃE,
E ele me vigia o tempo todo quanto
Ao que penso, falo, como ou sinto.
Apararei os bigodes, perfumarei os
Sovacos.
Sairei com a pompa de um príncipe,
E você debaixo do meu braço.
Sim, você... você, minha cadelinha!
Meu docinho de abóbora selvagem
Embrulhado num jornal velho com notícias
Sobre a guerra da Bósnia.
E por favor, não cubra suas vergonhas,
Deixe que eu vislumbre a sua formosura!
Não me negue os encanos do seu corpo,
Não me negue seja aos meus olhos, mãos, nariz
Ou minha boca, não me negue nem mesmo que eu
Ouça seu corpo, a máquina felina que é seu corpo,
Não me negue, por favor, não me negue!
Não me negue, minha coelhinha depravada!
Pois sou escravo de sua beleza vazia...
E permita-me peidar ao seu lado,
E ainda assim me cubra de beijos.
Depois bebamos vinho, comamos pizza.
E arrotarei por fim à mesa, satisfeito,
E você a me aplicar um "chupeta",
A desmanchar os meus cachinhos.
Ratos e homens, meu amigo!
É inútil cultivar tristezas, é como
Entregar-se de bandeja ao inimigo,
É não compreender que segue a
Vida não importa como você esteja,
Que tudo um dia passa, viceja e morre,
Que não somos mais que ratos e homens!