Enredo sobre a lascívia e a poeira

Cocaína: enredo Kafikiano com pitadas de

novela picaresca.

OBS: não acredito na humanidade.

A solidão, meu amigo, é o porto-seguro

da alma, o estertor

da mansidão terrena com aparência

moribunda e desgraçada!

É como bêbado que parecesse doente, a voz

rouca, as pernas bambas, os olhos

inchados e vermelhos, mas que no entanto

carregasse a força equivalente a mil sansões

cujas dalilas tivessem desistido da empreitada

maléfica na última hora, a dor contida de um

milhão de assombramentos à semana,

a elegância de um gato persa a caminhar

por telhados de vidro... a lascívia da mundana

a enganar seu cliente quanto a ter tido um

orgasmo, tudo abotoado numa embalagem

de anjo, com milhares de auréolas coloridas.

É, estou aqui, e aqui levo minha vidinha,

Enquanto o intelecto sonha com mil outras

Existências... estou aqui e sigo jogando, O JOGO...

Somente incubar é tão bom quanto eclodir.

Os dias às vezes são tão vazios que parecem

Carecer até mesmo de um desastre.

Ou algo assim, qualquer coisa que trouxesse

Ao espírito lucidez, que o resgatasse de sua

Animosidade abismal, que lhe sondasse as

Cavidades mais profundas e horripilantes...

Que lhe fizesse retorcer as entranhas e tocasse

Apitos em seus ouvidos, sim, ouvidos do espírito.

E nada melhor que fumar

à hora crepuscular...

Louvar ao clarão da aurora

toda essa unidade

Cósmica

E à noite comungar, luas e estrelas comungar...

Gato Véio Ferreira
Enviado por Gato Véio Ferreira em 20/04/2012
Reeditado em 23/04/2012
Código do texto: T3622748
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