Enredo sobre a lascívia e a poeira
Cocaína: enredo Kafikiano com pitadas de
novela picaresca.
OBS: não acredito na humanidade.
A solidão, meu amigo, é o porto-seguro
da alma, o estertor
da mansidão terrena com aparência
moribunda e desgraçada!
É como bêbado que parecesse doente, a voz
rouca, as pernas bambas, os olhos
inchados e vermelhos, mas que no entanto
carregasse a força equivalente a mil sansões
cujas dalilas tivessem desistido da empreitada
maléfica na última hora, a dor contida de um
milhão de assombramentos à semana,
a elegância de um gato persa a caminhar
por telhados de vidro... a lascívia da mundana
a enganar seu cliente quanto a ter tido um
orgasmo, tudo abotoado numa embalagem
de anjo, com milhares de auréolas coloridas.
É, estou aqui, e aqui levo minha vidinha,
Enquanto o intelecto sonha com mil outras
Existências... estou aqui e sigo jogando, O JOGO...
Somente incubar é tão bom quanto eclodir.
Os dias às vezes são tão vazios que parecem
Carecer até mesmo de um desastre.
Ou algo assim, qualquer coisa que trouxesse
Ao espírito lucidez, que o resgatasse de sua
Animosidade abismal, que lhe sondasse as
Cavidades mais profundas e horripilantes...
Que lhe fizesse retorcer as entranhas e tocasse
Apitos em seus ouvidos, sim, ouvidos do espírito.
E nada melhor que fumar
à hora crepuscular...
Louvar ao clarão da aurora
toda essa unidade
Cósmica
E à noite comungar, luas e estrelas comungar...