Na Carne
Na Carne
Teus lábios juntados aos meus,
O calor de um corpo excitado,
Esta noite serei o santo Deus,
Do renascer farei meu reinado.
Ela calada e afoita se despia,
Com a leveza de uma dama,
Minha mão tua pele corria,
Comprimindo seu corpo na cama...
E quanto prazer em um suspiro,
Envolve-se no vapor barato,
Deste ar que no desejo respiro,
Na escuridão de um quarto
Teu róseo corpo se enrubesce,
Entre os lençóis recolhidos,
E a paixão a centelha que cresce,
Nos nossos rostos exauridos.
Acender um cigarro e na fumaça
Abrir-te o âmago assim profundo.
Esta noite. Tu serás a criança,
Que virá a controlar meu mundo.
Mas o corpo que vai e vem,
Como o pêndulo no profundo poço,
Na hora alta, na prece o amém,
É o orgasmo em débil esforço
Uma luz que lenta se acende,
Sob a escuridão do mundo casual,
Igual o incenso que o olor recende
Nesta nossa núpcia espiritual.