Espiada...

Há um burguês abastado vendedor de hóstias,

a produzir a perfeição dos próprios pecados,

onde eu espio docemente algemado,

louco para correr livre sobre os prados

mas a ver tua vida passar-me por réstias.

O sol cobre o tule desse teu vestido,

desmentindo a tua carne, que me nega dormindo

o que acordado rege, em teus atos, alguma voz esquisita.

Não olho a plateia, mas o palco

cheio de mim e a encontrá-los,

a toda laia que outros, banidos, fazem.

Imêmore de mim sou esse outro viés ousado

que vela sozinho a multidão chorosa,

como se o mundo fosse de tudo alheio ao gozo

e minha vida um torpor acelerado.