NO VENTRE DA NOITE, UM NOVO DIA
É como se dois amantes se entrelaçassem
no plano horizontal de um pequeno planeta:
seus únicos moradores.
Concentrados na escuridão do ato,
o desejo de um é o corpo e a alma do outro.
O alimento de um é o outro.
Mãos deslizantes sobre macias montanhas
recém-descobertas.
A alvura do cobertor de um,
o tecido areolar do outro.
O arfar de um,
as batidas do coração do outro.
O ouvir o prazer de um,
o núcleo celular do outro.
Um, hidrogênio,
precisando hidratar o oxigênio do outro.
Enfim, se desvendam e se veem
com a mesma nudez
mutuamente tocada e estimulada pelo desejo do outro.
Juntam-se, então, os dois polos
geradores de uma energia nascente e incandescente:
o polo que provoca e o que consente.
Assim se faz a luz,
como se faz amor:
energia provinda do choque de sangue
que traz a semente
de um energizado fornecedor.
Assim se introduz nas partes íntimas da noite
- já em orgasmo -
a perpendicular trajetória do vigoroso raio
de um novo dia,
cujo acme
é o calor e a ejaculação do belo na poesia.
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É como se dois amantes se entrelaçassem
no plano horizontal de um pequeno planeta:
seus únicos moradores.
Concentrados na escuridão do ato,
o desejo de um é o corpo e a alma do outro.
O alimento de um é o outro.
Mãos deslizantes sobre macias montanhas
recém-descobertas.
A alvura do cobertor de um,
o tecido areolar do outro.
O arfar de um,
as batidas do coração do outro.
O ouvir o prazer de um,
o núcleo celular do outro.
Um, hidrogênio,
precisando hidratar o oxigênio do outro.
Enfim, se desvendam e se veem
com a mesma nudez
mutuamente tocada e estimulada pelo desejo do outro.
Juntam-se, então, os dois polos
geradores de uma energia nascente e incandescente:
o polo que provoca e o que consente.
Assim se faz a luz,
como se faz amor:
energia provinda do choque de sangue
que traz a semente
de um energizado fornecedor.
Assim se introduz nas partes íntimas da noite
- já em orgasmo -
a perpendicular trajetória do vigoroso raio
de um novo dia,
cujo acme
é o calor e a ejaculação do belo na poesia.
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