Desmascarando a pele

Teu olhar é quase inocente,

Por isso perdôo, não se flagele;

há parte em você, mais quente,

Acredite, isso é coisa de pele...

O toque no ombro atiça a vertente,

Há um caminho que ambos atrele?

Se a terra se abre pedindo semente,

Acredite, isso é coisa de pele...

Minha voz se faz doce de repente,

Mesmo que alheia, que não apele?

E deixa teu sangue, vívido, ardente,

Acredite, isso é coisa de pele...

Tuas suaves colinas mais para frente,

Deixe que o relevo, enfim, desnivele;

mesmo que eu veja serás inocente,

Pois eu sei que isso é coisa de pele...

O amor é um ambíguo presente,

Se clama receber, o dar, o impele;

Abram-se as cortinas, finalmente,

E que a única culpada se revele...